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sexta-feira, 27 de março de 2015

O CORREIO DA ELITE: Manchetes desinformativas e a eterna blindagem tucana

CONFEITANDO OS BOLOS TUCANOS
A manchete desinformativa

"Lucro da Sabesp despenca 53% em ano de crise"

Acima esta a forma como o IG quis chamar a atenção dos leitores para notícia sobre problemas envolvendo a SABESP. Reproduzi-a ontem mesmo neste blog, mas trocando o título, como quase sempre faço: "Barbeiragem do PSDB derruba lucro da SABESP em 53%, endividamento chega a limite, rodízio não está descartado, empresa dá calote na Prefeitura de São Paulo e Alckmin indica aliado alvo de ações na Justiça para cargo no Conselho!!!". Não ficou um título de post, mas UM RESUMO FIEL do texto do IG.

Ocorre que não foi suficiente. Ainda me encontrava incomodado, contrariado. Aí resolvi destrinchar o texto e tentar explicar a mim mesmo, e a quem mais ler isto, a razão da contrariedade. Postei primeiro no Facebook. Agora trago para cá, com ligeiras alterações.

Qualquer pessoa, até os nada versados em questões econômicas, - meu caso - teria a impressão justa de ser algo preocupante, já que lucros em queda, em nossa sociedade, são algo que obviamente não merece fogos. "Lucro é bom", é uma opinião unânime né? 
Mas, apesar de ser algo negativo, não recebeu a mesma atenção que a dedicada à Petrobrás que, até recentemente, recebia atestados de óbito diários em nossa imprensa na forma de manchetes explosivas e capas de revista, além de noticiarios de TV apresentados em tom sorumbático. Façam um esforço de memória.

Abaixo do título, em negrito, a informação de que as "contas foram prejudicadas pelo menor consumo de água e pela concessão de bônus para quem economizar"
Isso merecia longos comentários e reflexões ( como, por exemplo, sobre a inversão da culpa, pois o consumidor FOI OBRIGADO A CONSUMIR MENOS ÁGUA, graças ao governo estadual - e não a São Pedro, aliás ), que não me encontro apto a fazer.

Mas não são os lucros da em queda da SABESP ( não cessaram, apenas caíram, e os 5010 acionistas irão receber seus dividendos direitinho, como mostra a matéria ) que queria destacar. É sobre o resto da notícia. Junto do tema "queda dos lucros", temos várias informações de igual importância, baseadas em dados que "fazem parte das demonstrações financeiras da companhia, entregues à Comissão de Valores Mobiliários (CVM)", a saber:

1 - Não está descartado o rodízio. As águas de março vão ficando para trás, as represas têm menos água do que em março de 2014 (http://www.agora.uol.com.br/…/1608312-represas-tem-menos-ag… ) e chegará o período da estiagem. Mas como é frio a gente usa menos água. Em tese, já que um banho quente no inverno não dá vontade de sair mais do chuveiro rs;

2 - A sobretaxa imposta ao consumidor ( "estímulo", segundo a notícia ) para que este GASTE MENOS água não tem data para acabar, nem o tal bônus;

3 - SABESP deu um CALOTE na Prefeitura de São Paulo: "Para equilibrar as contas, a Sabesp, dentre outras medidas, deixou de repassar recursos ao Fundo Municipal de Saneamento e Infraestrutura de São Paulo previstos no contrato firmado com a prefeitura da capital";

4 - A economia começa em casa, mas não assim, né?. Apesar de ela mesma, SABESP, ser acusada de desperdiçar cerca de 30% ( os números são controversos, mas tem esse aqui: http://epoca.globo.com/…/bsabesp-desperdica-32-da-aguab-que… ) da água que distribui, com vazamentos, falhas e - como a imprensa gosta bastante de mostrar, para amenizar pro lado do governo estadual - fraudes e roubo de água - o que ela faz? Demite funcionários, ou "deixa de contratar". Com menos funcionários, é óbvio que a manutenção não fica lá essas coisas. Mas essa é a regra quando se trata do governo tucano de SP: "enxugue o quadro" e seja o que Deus quiser. Vide o Metrô;

5 - Pros especialistas em ciências contábeis: o nível de endividamento da empresa chegou ao limite: "3,64 vezes o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), ficando próximo do limite de 3,65 estabelecido em alguns contratos de dívida". Pode não ser nada, mas se não fosse não precisaria constar na matéria do portal.
E imagine um "endividamento no limite" desses envolvendo a Petrobrás, a festa que se faria;

6 - Eterno cabidão tucano. Tempos atrás, José Serra descolou pro amigo, ex-senador do MT pelo PSDB, Antero Paes de Barros, um carguinho no Conselho de Adm da SABESP. Assim como, tempos atrás, o mesmo Serra arrumou um cargo de diretoria para o carioca Márcio Fortes ( nome que ressurge hoje graças ao Swissleaks - aqui - e que esteve envolvido num escândalo de notas frias na campanha de José Serra - aqui e aqui  ) naEmplasa.

E Serra foi lá buscar no MT um aliado político pruma vaguinha em estatal. Não bastasse o fato de a gente se perguntar se não havia algum tucano paulista apto a receber a indicação, Serra foi buscar um sujeito que, bem, dêem uma olhada aqui:http://www.horadopovo.com.br/…/f…/2741-11-02-09/P3/pag3i.htm

Seguindo a escrita tucana de aparelhamento, Geraldo Alckmin, segundo a notícia aqui em discussão, descolou uma vaguinha prum aliado político que é alvo de ações na justiça: "Sidnei Franco da Rocha, aliado político de Alckmin e alvo de ações por improbidade administrativa, foi incluído no órgão"

Cada informação dessas destacadas acima mereceria, por si, uma matéria individual. Mas condensaram tudo numa só.

É comum alguns dizerem que a imprensa não mostra os podres tucanos. Não é verdade. Mostra, mas em dimensões reduzidas, com discrição, sem ênfases, fanfarras, Carnaval e nem se estende por meses e anos a fio tocando na tecla, como fazem com a Petrobrás, ou como fizeram com o suposto mensalão, a tapioca, a Lina Vieira. Às vezes você acha tais informações por acaso, perdidas no caderno de Economia do jornal, ou nalgum comentário em colunas sociais. Tem que ser Sherlock. E tem que ter a paciência de Buda. E ler sempre com uma lupa e atenção redobrada, pois as edições e manipulações feitas causam inverdades e confusões. As manchetes às vezes são desmentidas pelos próprio texto. às vezes os gráficos que as ilustram desmentes manchete e texto. Lembro de uma, que saiu no finado Jornal da Tarde, acho que em 2008, em que dizia que a renda do brasileiro tinha caído não sei quantos por cento em dez anos. Só que o gráfico mostrava que a renda havia caído mesmo em 2 ou 3 anos anos, acho que no período entre 1999 e 2002 ( governo FHC ) e COMEÇADO A SE RECUPERAR a partir de 2003 até 2008, só que a queda havia sido tão brutal que mesmo a recuperação até 2008 não permitira ainda chegar aos patamares de antes da queda, dez anos antes. Ou seja, havia sido uma queda até 2008 em relação a 1999, mas havia tido uma recuperação de salarios e essa recuperação se deu num periodo dentro e a partir do governo do Lula. Só que noticiaram de uma forma que pareceia que a queda se deu EM SEU GOVERNO. Os graficos provavam que não, MUITO PELO CONTRÁRIO.

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O CORREIO DA ELITE: Manchetes desinformativas e a eterna blindagem tucana

Jornal do Brasil - Opinião - FHC tenta, em vão, desestabilizar Dilma

País - Opinião

FHC tenta, em vão, desestabilizar Dilma

Jornal do Brasil
Analistas observam que o fulcro das declarações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ao afirmar em entrevista à Folha de S. Paulo  que a presidente Dilma Rousseff se tornou refém do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, não é a razão política. É muito mais uma ação danosa aos sentimentos na afirmação contra Dilma.
A tentativa de insídia tem o objetivo, segundo analistas, de provocar o descontrole na presidenta - muitos atribuem a ela um forte comportamento de mando. Com essa insinuação de que ela é dependente de Levy, FHC poderia provocar, se a presidenta não fosse forte, um descontrole de segurança, fazendo com que ela pudesse reagir de forma violenta contra Levy para mostrar a todos que a afirmação de FHC não é válida.
Para alguns analistas, as declarações foram vistas como forma de tentar uma insídia entre Levy e Dilma. Só que o instinto patriótico da presidenta é muito superior à tentativa de atos impatrióticos como esse.
Jornal do Brasil - Opinião - FHC tenta, em vão, desestabilizar Dilma

CRÔNICAS DO MOTTA: Os terroristas estão entre nós

NÃO PODEMOS NOS DAR AO LIXO DA COVARDIA


Os terroristas estão entre nós





Em menos de 15 dias, duas bombas foram lançadas em diretórios do PT, uma em Jundiaí e a outra em São Paulo.

O efeito dos petardos, por enquanto, é mais simbólico que material.

Mostra que a extrema-direita, os fascistas, estão vivos, cada vez menos escondidos, cada vez mais abusados e violentos.

Agora não mais se contentam em escrever mensagens de ódio nas redes sociais e carregar faixas infames nos protestos de que participam.


Partem para o terrorismo.

Mostram o que são - bandidos, criminosos.

São uma ameaça a mais para a jovem democracia brasileira.

A ideologia que defendem é a da intolerância, do preconceito, do atraso - da lei das selvas.

O Estado não pode permitir que tais facínoras proliferem, sob o risco de, amanhã, se curvar à sua vontade.

E, caso isso ocorra, ver a sua autoridade sucumbir e a sua própria existência ser ameaçada. 

Jogar bombas em adversários políticos é um ato terrorista, a antítese da civilização.

O Brasil de hoje comporta e aceita, perfeitamente, opiniões diversas.

Sua sociedade, felizmente, é plural em seus gostos, preferências e hábitos.

E isso, por si só, deveria ser suficiente para a existência do contraditório e do plural.  

Qualquer outro tipo de manifestação, com tantos instrumentos legais à disposição dos cidadãos, tem de ser visto como um ato criminoso.

E, como os próprios porta-vozes desses grupelhos vocalizam, lugar de criminoso é na cadeia.
CRÔNICAS DO MOTTA: Os terroristas estão entre nós: Em menos de 15 dias, duas bombas foram lançadas em diretórios do PT, uma em Jundiaí e a outra em São Paulo. O efeito dos petardos, por e...

EDUCAÇÃO OU BARBÁRIE: Visualizar "Prestes A Ressurgir: A América Latina na dinâmica da guerra global"

sexta-feira, 27 de março de 2015



A América Latina na dinâmica da guerra global

por Jorge Beinstein [*]


Tudo ao mesmo tempo: em meados do mês de Março de 2015 os Estados Unidos deram um salto qualitativo de claro perfil belicista nas suas acções contra a Venezuela, também desenvolvem exercícios militares em países limítrofes com a Rússia na chamada operação "Atlantic Resolve", algumas dessas operações são realizadas a uns 100 quilómetros de São Petersburgo [1] , além disso intensificam-se informações acerca de uma nova ofensiva do governo de Kiev contra a região do Donbass [2] , aumenta a circulação de naves de guerra da NATO no Mar Negro, continuam as velhas guerras imperiais no Iraque e no Afeganistão às quais acrescentou-se a seguir a ofensiva contra a Síria (passando pela Líbia)... e muito mais...

Evidentemente o Império está lançado numa catastrófica fuga militar para a frente estendendo suas operações a todos os continentes, encontramo-nos em plena guerra global. Nem os grandes meios de comunicação, nem os dirigentes internacionais mais importantes registaram publicamente o facto, todos falam como se vivêssemos em tempos de paz, só em alguns poucos casos surgem alguns deles a advertir sobre o perigo de guerra mundial ou regional. Uma excepção recente é a do Papa Francisco quando afirmou que actualmente nos encontramos perante "uma terceira guerra mundial" que ele descreve como a desenvolver-se "por partes" ainda que sem designar os contendores e fazendo vagas referências à "cobiça" e a "interesses espúrios" com a linguagem confusa e jesuítica que o caracteriza [3] .

A cada mês acrescenta-se algum novo indiciar que anuncia a proximidade de uma nova recessão global muito mais forte e extensa que a de 2009. O capitalismo, a começar pelo seu polo imperialista, foi-se convertendo velozmente num sistema de saqueio onde a reprodução das forças produtivas fica completamente subordinada à lógica do parasitismo. As elites imperiais e suas lumpen-burguesias satélites "necessitam" super-explorar até ao extermínio seus recursos naturais e mercados periféricos para sustentar as taxas de lucro do seu decadente sistema produtivo-financeiro.

As tendências globais rumo à decadência económica exprimem-se de múltiplas maneiras no dia a dia. Dentre elas, a volatilidade dos preços das matérias-primas, o petróleo por exemplo, chave mestra da economia mundial, cujo estancamento extractivo (que não conseguiu ser superado pelo show mediático em torno do "milagroso" petróleo de xisto) combina-se com desacelerações da procura internacional como ocorre actualmente. A isso somam-se golpes especulativos e geopolíticos que convertem os mercados em espaços instáveis onde as manobras de curto prazo impõem a incerteza.

O curto-prazismo especulativo hegemónico engendra pacotes tecnológicos depredadores como a mineração a céu aberto, a fracturação hidráulica ou a agricultura com base em transgénicos acompanhados por operações políticas e comunicacionais que degradam, desarticulam sistemas sociais procurando convertê-los em espaços indefesos diante dos saqueios.

O optimismo económico da época do auge neoliberal deu lugar ao pessimismo do "estancamento secular" agora apregoado pelos grandes peritos do sistema [4] . Eles indicam que a salvação do capitalismo não chegará a partir da economia condenada a sofrer recessões ou crescimentos insignificantes, o melhor é nem falar demasiado desses tristes temas. Então a guerra ascende ao primeiro plano, algum massacre protagonizado por tropas regulares ou mercenários, algum bombardeio, alguma ameaça de ataque na Europa do Leste, Ásia, África ou América Latina. Os meios de comunicação nos esmagam com essa notícias, contudo ninguém fala da guerra global.

Tudo acontece como se a dinâmica da guerra se houvesse autonomizado mas empregado um discurso embrulhado, difícil de entender. Mas assim como os super-poderes dos homens de negócios dos anos 1990 não eram independentes e sim compartilhados no interior de uma complexa trama de poderes (políticos, mediáticos, militares, etc) que em termos gerais costuma-se denominar como "classe dominante", também a aparente autonomia do militar dificulta-nos ver as redes mafiosas de interesses onde se borram as fronteiras entre os seus componentes. As elites da era neoliberal sofreram mudanças decisivas, experimentaram mutações que as converteram em classes completamente degeneradas que, cada vez mais, só podem recorrer à força bruta, à lógica da guerra. Não se trata portanto de a componente militar se autonomizar e sim, antes, de que as elites imperialistas se militarizam. Elas já não seduzem com ofertas de consumo mais algumas doses de violência, agora só propagam o medo, ameaçam com as suas armas ou utilizam-nas.

Progressismos latino-americanos 

Dentro desse contexto global devemos avaliar os progressismos latino-americanos [5] que se instalaram na base das crises de governabilidade dos regimes neoliberais.

Os bons preços internacionais das matérias-primas durante a década passada, somados a políticas de contenção social dos pobres, permitiram-lhes recompor a governabilidade dos sistemas existentes. Em alguns desses casos desenvolveram-se ampliações ou renovações das elites capitalistas e em quase todos eles prosperaram as classes médias. Os governos progressistas iludiram-se supondo que as melhorias económicas lhes permitiram ganhar politicamente os referidos sectores mas, como era previsível, ocorreu o contrário: as camadas médias iam para a direita e, enquanto ascendiam, olhavam com desprezo os de baixo e assumiam como próprios os delírios mais reaccionários das suas burguesias. A explicação é simples, na medida em que são preservados (e ainda fortalecidos) os fundamentos do sistema e em que seus núcleos decisivos radicalizam seus elitismo depredador seguindo a rota traçada pelos Estados Unidos (e "Ocidente" em geral) produz-se um encadeamento de subculturas neo-fascistas que vão desde acima até abaixo, desde o centro até as burguesias periféricas e desde estas até suas camadas médias. Na Venezuela, Brasil ou Argentina as classes médias melhoravam seu nível de vida e ao mesmo tempo despejavam seus votos nos candidatos da direita velha ou renovada.

Estabeleceu-se um conflito interminável entre governos progressistas que tornavam governáveis os capitalismos locais e direitas selvagens ansiosas por realizar grandes roubos e esmagar os pobres. O progressismo, confrontado politicamente com essa direita qualificada de "irresponsável", cujos fundamentos económicos respeitava, chantageava aqueles na esquerda que criticavam sua submissão às regras do jogo do capitalismo utilizando o papão reaccionário ("nós ou a besta"), acusando-os de fazerem o jogo da direita. Na realidade o progressismo é um grande jogo favorável ao sistema e em última análise à direita, sempre em condições de retornar ao governo graças à moderação, à "astúcia" aparentemente estúpida dos progressistas que por vezes conseguem cooptar esquerdas claudicantes cuja obsessão em "não fazer o jogo da direita" (e simultaneamente integrar-se no sistema) é completamente funcional à reprodução do país burguês e em consequência a essa detestável direita.

Agora o jogo começa a esgotar-se. Os progressismos governantes, com diferentes ritmos e variados discursos, acossados pelo arrefecimento económico global e pelo crescente intervencionismo dos Estados Unidos, vão perdendo espaço político. Em vários casos suas dificuldades fiscais pressionam-nos a ajustar despesas públicas (e de modo algum a reduzir os super lucros dos grupos económicos mais concentrados), a aceitar as devastações da mega-mineração ou a adoptar medidas que facilitam a concentração de rendimentos. No Brasil, o segundo governo Dilma colocou um neoliberal puro e duro no comando da política económica, encurralado por uma direita ascendente, uma economia oscilando entre o estancamento e a recessão e uma intervenção norte-americana cada vez mais activa. No Uruguai o novo governo de Tabaré Vazquez mostra um rosto claramente conservador e no Chile a presidência Bachelet não precisa correr demasiado à direita, depois da sua rosada demagogia eleitoral afirma-se como continuidade do governo anterior e em consequência, passada a confusão inicial, herdará também a hostilidade de importantes faixas de esquerda e dos movimentos sociais.

Na Argentina, o núcleo duro agro-mineral exportador-financeiro e os grupos industriais exportadores mais concentrados estão mais prósperos do nunca enquanto a ingerência norte-americana amplia-se conduzindo o jogo de títeres políticos rumo a uma ruptura ultra-direitista. Na Venezuela a eterna transição rumo a um socialismo que nunca acaba de chegar não conseguiu superar o capitalismo ainda que torne caótico o seu funcionamento, forjando desse modo o cenário de uma grande tragédia. Por enquanto só a Bolívia parece salvar-se da avalanche, afirmando-se na maior mutação social da sua história moderna sem superar o âmbito do subdesenvolvimento capitalista mas recompondo-o integrando as massas submersas, multiplicando por mil o que havia feito o peronismo na Argentina entre 1945 e 1955 (de qualquer forma isso não a liberta da mudança de contexto regional-global).

Na América Latina assistimos a um processo de crise muito profundo onde convergem progressismos declinantes com neoliberalismo integralmente degradados, como na Colômbia ou no México, conformando um panorama comum de perda de legitimidade do poder político, avanços de grupos económicos saqueadores e activismo imperialista cada vez mais forte.

A este panorama sombrio é necessário incorporar elementos que dão esperança, sem os quais não poderíamos começar a entender o que está a ocorrer. Por debaixo dos truques políticos, dos negócios rápidos e das histerias fascistas aparecem os protestos populares multitudinários, a persistência de esquerdas não cooptadas pelo sistema (para além dos seus perfis mais ou menos moderados ou radicais), a presença de insurgências incipientes ou poderosas (como na Colômbia).

Nem os cantos de sereia progressistas nem a repressão neoliberal puderam fazer desaparecer ou marginalizar completamente esses fantasmas. Realidade latino-americana que preocupa os estrategas do Império, que temem o que consideram como sua inevitável arremetida contra a região possa desencadear o inferno da insurgência continental. Nesse caso o paraíso dos grandes negócios poderia converter-se num grande atoleiro onde afundaria o conjunto do sistema.

Geopolítica do Império, integrações e colonizações 

A estratégia dos Estados Unidos aparece articulada em torno de três grandes eixos; o transatlântico e o transpacífico que apontam num gigantesco jogo de pinças contra a convergência russo-chinesa centro motor da integração euro-asiática. E a seguir o eixo latino-americano destinado à recolonização da região.

Os Estados Unidos tentam converter a massa continental asiática e sua ampliação russo-europeia num espaço desarticulado, com grandes zonas caóticas, objecto de saqueio e super-exploração.

Os recursos naturais, assim como os laborais, desses territórios constituem seu centro de atenção principal, na elipse estratégica que cobre o Golfo Pérsico e a Bacia do Mar Cáspio estendendo-se em direcção à Rússia encontram-se 80% da reservas globais de gás e 60% das de petróleo e na China habitam pouco mais de 230 milhões de operários industriais (aproximadamente um terço do total mundial).

A América Latina aparece como o pátio traseiro a recolonizar. Ali se encontram, por exemplo, as reservas petrolíferas da Venezuela (as primeira do mundo, 20% do total global), cerca de 80% das reservas mundiais de lítio (num triângulo territorial compreendido pelo Norte do Chile e Argentina e pelo Sul da Bolívia) imprescindível na futura indústria do automóvel eléctrico, as reservas de gás e petróleo de xisto do Sul argentino, fabulosas reservas de água doce do aquífero guarani entre o Brasil, o Paraguai e a Argentina.

Uma das ofensivas fortes do Império na década passada foi a tentativa de constituição da ALCA, zona de livre comércio e investimentos que significava a anexação económica da região por parte dos Estados Unidos. O projecto fracassou, a ascensão do progressismo latino-americano somado à emergência de potências não ocidentais, sobretudo a China, e o atolamento estado-unidense na sua guerra asiáticas foram factores decisivos que em diferentes medidas debilitaram a investida imperial. 

Mas a partir da chegada de Obama à presidência os Estados Unidos desencadearam uma ofensiva flexível de reconquista da América Latina: foi posta em marcha uma complexa mescla de pressões, negociações, desestabilizações e golpes de estado. Os golpes brandos com êxito em Honduras e no Paraguai, as tentativas de desestabilização no Equador, Argentina, Brasil e sobretudo na Venezuela (onde vai-se perfilando uma intervenção militar), mas também a tentativa em curso de extinção negociada da guerrilha colombiana e a domesticação de Cuba fazem parte dessa estratégia de recolonização.

A mesma é implementada através de uma sucessão de tentativas suaves e duras tendente a desarticular as resistências estatais e os processos de integração regional (Unasul, Celac, Alba) e extra-regionais periféricos (BRICS, acordos com a China e a Rússia, etc) assim como a bloquear, corromper ou dissolver as resistências sociais e as alternativas políticas mais avançadas, em curso ou potenciais. Tentando levar avante uma dinâmica de desarticulação mas procurando evitar que a mesma gere rebeliões que se propaguem como um rastilho de pólvora numa região actualmente muito inter-relacionada.

Sabem muito bem que em muitos países da região a substituição de governos "progressistas" por outros abertamente pró imperialistas significa a ascensão de camarilhas enlouquecidas que a curto prazo causariam situações de caos que poderiam desencadear insurgências perigosas. Alguns estrategas do Império acreditam poder neutralizar esse perigo com o próprio caos, desenvolvendo "guerras de quarta geração" instalando diferentes formas de violência social desestruturante combinadas com destruições mediático-culturais e repressões selectivas. Nesse sentido, o modelo mexicano é para eles (por agora) um paradigma interessante.

Temem por exemplo que um cenário de caos fascista na Venezuela derive numa guerra popular que os obrigaria a intervir directamente num conflito prolongado, o que somado às suas guerras asiáticas os conduziria a uma super extensão estratégica ingovernável. É por isso que consideram imprescindível obter o apaziguamento da guerrilha colombiana, potencial aliada estratégica de uma possível resistência popular venezuelana.

O panorama é completado com o processo de integração colonial dos países da chamada Aliança do Pacífico (México, Colômbia, Peru e Chile). A isso somam-se os tratados de livre comércio de maneira individual com países da América Central e outros como o Chile e a Colômbia e o velho tratado entre EUA, Canadá e México.

Integração colonial e desarticulação, manipulação do caos e fortalecimento de pólos repressivos, Capriles mais Peña Nieto, Ollanta Humana mais Santos mais bandos narco-mafiosos... tudo isso dentro de um contexto global de decadência sistémica onde a velha ordem unipolar declina sem ser substituída por uma nova ordem multipolar. Tentativa de controle imperialista da América Latina submersa na desordem do capitalismo mundial.

O cérebro do Império não consegue superar as mazelas do seu corpo envelhecido e enfermo, os delírios reproduzem-se, as fugas para a frente multiplicam-se. Evidentemente encontramo-nos num momento histórico decisivo. 
19/Março/2015
Notas
[1] Finian Cunningham, "NATO's Shadow of Nazi Operation Barbarossa", Strategic Culture Foundation, 13/03/2015
[2] Colonel Cassad, "Ukraine: Reprise de la guerre au printemps?", http://lesakerfrancophone.net/ le 13 mars 2015
[3] "El papa Francisco advirtió que vivimos una tercera guerra mundial combatida 'por partes' ", http://www.lanacion.com.ar , 13 de septiembre de 2014
[4] Laurence H Summers, "Reflections on the 'New Secular Stagnation Hypothesis'" y Robert J Gordon, "The turtle's progress: Secular stagnation meets the headwinds" en "Secular Stagnation: Facts, Causes, and Cures", CEPR Press, 2014.
[5] Utilizo o termo "progressista" no sentido mais amplo, desde governos que se proclamam socialistas ou pró socialistas como na Venezuela ou Bolívia até outros de corte neoliberal-progressista como os do Uruguai ou Brasil. 


[*] Doutorado em economia e professor catedrático das universidades de Buenos Aires e Córdoba, na Argentina, e de Havana, em Cuba. É autor de Capitalismo senil: a grande crise da economia global,publicado no Brasil pela editora Record (2001). Dirige o Instituto de Pesquisa Científica da Universidade da Bacia do Prata e publica regularmente em Le Monde Diplomatique (em castelhano). 



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FORA CUNHA

Precisa de mais motivos para se concluir sobre o absurdo que significa esse sujeito estar no comando da "reforma política" que o Congresso Nacional tenta impor sem ouvir a população? Fora Cunha e por uma Constituinte Exclusiva da Reforma Política.


O Pedagogento: PARTICIPE DA HORA DO PLANETA 2015

PARTICIPE DA HORA DO PLANETA 2015

  • 3/27/2015

A Hora do Planeta é um ato simbólico, promovido no mundo todo pela Rede WWF, no qual governos, empresas e a população demonstram a sua preocupação com o meio ambiente, apagando as suas luzes durante sessenta minutos.

A ação vai acontecer no sábado, 28/3, das 20h30 às 21h30.



Beijo gay e vaias para Eduardo Cunha em SP — JORNALISTAS LIVRES — Medium



A matreirice subliminar da mídia se constitui da seguinte manobra. Primeiramente pauta a questão de gênero de uma maneira espetacular, apresentando numa novela duas mulheres maduras se beijando. Ora, se o ato homo afetivo por si só já constitui um fenômeno gerador de forte antipatia na mentalidade conservadora que perpassa todos as classes e em numerosos grupos sociais presentes em nossa sociedade, quando envolve duas pessoas das quais se esperaria uma postura recalcitrante em relação a gesto de tal natureza, o choque é de uma intensidade exponencialmente maior.
Não será ao instrumento midiático que se dirigirá a indignação e revolta desse público, mas aos de orientação sexual diversa daquela que é convencionalmente aceita.
Em seguida, criado o clima de animosidade em relação ao tema, agora colam no a todo movimento de esquerda ou que conteste os esquemas de poder afinados com seus interesses, posicionado agora no centro das atenções do conservadorismo mais vulgar do populacho.
Assim conseguem ofuscar outras pautas como a da constituinte da reforma política e da democratização da mídia, pondo em primeiro plano aquela com a qual seja mais fácil despertar hostilidade ao conjunto de propostas que apontam no sentido da ampliação e do aprofundamento da democracia.
Beijo gay e vaias para Eduardo Cunha em SP — JORNALISTAS LIVRES — Medium

Altamiro Borges: Alckmin e mídia atacam professores

quinta-feira, 26 de março de 2015


A Ditadura tucano midiática em São Paulo aposta no cansaço dos professores e no desgaste de seu Sindicato. Para isso, procura isolá-los, deixando-os invisíveis à opinião pública.

Alckmin e mídia atacam professores

Por Altamiro Borges

Projetado politicamente durante a ditadura e simpatizante da seita fascistóide Opus Dei, o tucano Geraldo Alckmin sempre foi um governante autoritário. De “picolé de chuchu”, ele só tem a imagem forjada pela mídia chapa-branca. Diante dos movimentos sociais, o governador de São Paulo pela quarta vez sempre agiu de forma truculenta – que o digam os moradores do Pinheirinho (São José dos Campos), os metroviários e os próprios policiais civis. Agora, frente à massiva greve dos professores da rede estadual, ele volta a esbanjar a sua intransigência. Ele não aceita negociar com a entidade da categoria e ainda afirma, no maior cinismo, que “a greve é política” e foi decidida de “maneira intempestiva como contraponto à manifestação de 15 de março” – a paparicada marcha golpista.

A declaração do governador paulista, que lembra o rosnado dos generais contra o movimento grevista que abalou a ditadura militar, foi dada nesta quarta-feira (24). Geraldo Alckmin voltou a esbravejar que não negociará com os grevistas e que não cederá às suas reivindicações de aumento salarial e de melhoria da qualidade de ensino no Estado. Ele também não explicou a sua atitude “política” de liberar as catracas do Metrô para os “pobres” ricaços que participaram do protesto golpista de 15 de março. Os jornalistas domesticados presentes à coletiva sequer fizeram esta pergunta inconveniente ao queridinho da mídia! Na prática, os velhos jornalões e os hidrófobos comentaristas das emissoras de rádio e televisão agora exigem repressão ao movimento dos professores.

Em editorial publicado nesta quinta-feira (25), a Folha tucana afirma, na maior caradura, que defende a valorização dos professores, mas ataca o sindicato da categoria: “A Apeoesp ultrapassa todas as medidas do razoável. Nesta paralisação, reivindica reajuste de 75,33% nos proventos, de maneira a equipará-los com os ganhos de outras categorias estaduais que exigem nível superior. O pleito é descabido... Até um desvairado militante esquerdista tem de reconhecer que nenhum governo, com a crise aguda da economia e a inevitável queda na arrecadação de impostos, pode dispor de recursos para expandir gastos de forma desmesurada. O irrealismo patente do movimento reforça a conclusão de que seu objetivo seja menos corporativista que político. Satélite da CUT e do PT, a Apeoesp se mostra inclinada a manobrar a categoria para fustigar o governo estadual do PSDB”. A defesa de Geraldo Alckmin é descarada.

Já o Estadão, conhecido por seu histórico ódio de classe ao sindicalismo, prega uma imediata e dura repressão aos professores. Para o jornalão oligárquico, a greve “prejudica o calendário escolar” e “converte mais uma vez os alunos e suas famílias em reféns das pretensões corporativas”. Utilizando as mesmas palavras de Geraldo Alckmin – não se sabe quem copiou quem – o jornal afirma que “a greve deflagrada pela Apeoesp tem objetivos políticos. A entidade, cujos dirigentes são em sua maioria vinculados ao Partido dos Trabalhadores, também está promovendo o que chama de "Operação Caça-Alckmin". A ideia é criar constrangimentos em todas as cidades que o governador visitar e em todos os eventos em que estiver, para pressioná-lo e desgastá-lo”.

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Abra o link . Texto mais legível.
Altamiro Borges: Alckmin e mídia atacam professores

SOLETRANDO A LIBERDADE!: CTB: Unidade e mobilização são as armas da luta democrática

CTB: Unidade e mobilização são as armas da luta democrática

Do Portal da CTB

O momento nacional é de enfrentamento político. Depois das eleições de outubro, em que o poder econômico sobrepujou a sociedade civil, a situação do Congresso Nacional tornou-se mais hostil às iniciativas não só do movimento trabalhista, mas de todos aqueles que se opõem ao conservadorismo. Mais do que nunca, somente pela pressão popular daremos ao governo federal e à presidenta Dilma Rousseff a força política necessária para impedir o retrocesso dos direitos.

Sair às ruas e protestas nunca foi tão necessário.

A CTB, juntamente com a CUT, a UNE, o MST, o MTST e outros grupos da sociedade civil organizada, traça uma agenda unitária de ações e manifestações ao longo do próximo mês, como forma de reação popular à onda conservadora. É preciso ganhar as mentes e os corações do povo brasileiro para garantir:

- A defesa incondicional da democracia, valor maior da sociedade, contra as forças golpistas que pretendem desafiar a soberania das eleições.

- O combate intransigente a quaisquer tentativas de ajustes e cortes de direitos dos trabalhadores, incluindo aí tanto as Medidas Provisórias 664 e 665 quanto o Projeto de Lei 4.330/04, que estão para ser votados na Câmara dos Deputados.

- A implementação da Reforma Política Democrática, como definida no site oficial do abaixo-assinado, para o efetivo combate à corrupção em sua origem, que é o financiamento empresarial de campanhas.

- A manutenção da Petrobras em sua característica de empresa pública brasileira, responsável pela injeção de mais de R$ 300 milhões de reais por dia na economia, na ciência, na cultura, na saúde e na educação nacionais.

- Estes quatro pontos são comuns a todos os movimentos sociais e sindicais integrados neste esforço para a defesa da democracia, especialmente importante neste momento de instabilidade política. A CTB conclama seus sindicalistas e parceiros a participarem dos atos agendados para esses dias, que devem ser organizados tanto em nível nacional quanto nos estados e municípios, de forma independente.

- No dia 1º de abril, aniversário do golpe militar de 1964, os movimentos se comprometeram a promover plenárias para discutir os impactos da ditadura e denunciar a nova onda golpista que tenta se instalar no país após as eleições de 2014.

- O dia 7 de abril será o próximo Dia Nacional de Lutas, em que os movimentos pretendem ocupar a Câmara dos Deputados em protesto às Medidas Provisórias 664 e 665, que reduzem direitos trabalhistas e previdenciários, e o Projeto de Lei 4.330/04, que abre caminho para a terceirização de todas as atividades-fim.

- O 1º de Maio, Dia Mundial dos Trabalhadores, será palco da maior das três manifestações. Os movimentos sociais escolheram concentrar seus maiores atos nesta data.
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